Algumas mudanças interessantes têm ocorrido na sociedade nas últimas décadas e uma delas é o crescente número de mulheres solteiras e descasadas que não conseguem estabelecer uniões duradouras, ao mesmo tempo em que observamos inúmeros homens saindo de uma relação para outra, sem se firmar em qualquer delas.

Hoje a maioria absoluta dos pedidos de separação conjugal parte das mulheres, insatisfeitas com a qualidade dos homens disponíveis e lamentavelmente para nós homens, elas estão cobertas de razão. As mudanças de costumes observadas nas gerações mais recentes geraram uma mudança significativa no nível de exigência feminino ao qual nós (enquanto gênero) ainda não soubemos nos adaptar e corresponder. Até há poucos anos o modelo do “bom marido” era o do homem que não espancava a mulher e “não deixava faltar comida em casa” e aspectos como afeto, fidelidade, respeito, companheirismo e diálogo, não eram nem cogitados por não fazerem parte do universo masculino. O papel do homem era o de provedor da casa e cumprida essa atribuição, o resto era “frescura de mulher”, situação que gerou uma infinidade de mulheres aparentemente conformadas, mas internamente insatisfeitas.

A chamada Revolução Feminina das décadas 60 e 70, em que a mulher foi à luta por igualdade de direitos e oportunidades, lhes abriu as portas de um mundo em que rapidamente elas se sobressaíram, graças a qualidades inerentes do cérebro feminino que lhes dão maior adaptabilidade. Atualmente a mulher já é maioria nos cursos de mestrado e doutorado, ocupa cada vez mais espaço no serviço público, seu índice de aprovação nos concursos de nível superior é proporcionalmente maior do que o dos homens, áreas que até pouco tempo eram feudos masculinos, como a Magistratura e Ministério Público vêm sendo ocupados por crescente número de mulheres e dessa forma o espaço que era tradicionalmente reservado ao homem foi se estreitando cada vez mais e ele se viu acuado por uma realidade assustadora: “a mulher já não depende de mim e não basta ser provedor para conquistá-la e mantê-la”.

Além de todos esses aspectos, existe mais um – ela passou a disputar com ele os mesmos espaços e oportunidades e, no geral, com mais competência e habilidade. Tudo isso trouxe para a mulher um novo padrão de exigência para seus relacionamentos que poucos homens estão podendo atingir. Ela já não precisa de um homem para sustentá-la, ela pode se manter, viajar sozinha, morar sozinha e mesmo ter relações eventuais e passageiras sem “ficar falada”, como acontecia há poucos anos e assim, o que ela espera de um relacionamento está além desses aspectos “materiais” da convivência.

Uma pesquisa interessante foi feita acerca do que a mulher procura em  um homem e os aspectos enumerados foram: Personalidade, Senso de humor, Sensibilidade, Inteligência e, por último, Corpo bonito. Esses itens indicam ao homem o que cultivar para atender as expectativas femininas e conseguir estabelecer relações mais satisfatórias. Desenvolver a personalidade significa desenvolver virtudes como a determinação, disciplina, firmeza, autocontrole, cumprimento de metas, integridade de caráter, autenticidade, etc, porém com o tempero do senso de humor que traz a leveza ao relacionamento e facilita a superação das eventuais divergências, trazer para a convivência a alegria, o riso e a capacidade de brincar. A sensibilidade é um item que as mulheres se queixam de estar quase ausente no universo masculino e é compreensível, pois a cultura machista que recebemos determinava que sensibilidade é coisa de mulher ou gay, portanto inadmissível. Os tempos mudaram e mudaram as exigências e ao novo homem cabe aprender que a mulher é diferente de si, com necessidades e formas de ver, sentir e agir diversas das suas e adaptar-se a elas se quiser ser e fazê-la feliz. A exigência da inteligência é compreensível e lamentavelmente o universo cultural masculino está mais recheado por grupos de pagode, duplas sertanejas e times de futebol do que por leituras e informações que o ajudem a ter capacidade de manter um diálogo substancial por mais de 15 minutos e sem diálogo, sem conversas de qualidade, o relacionamento se torna superficial e insatisfatório. O último item, corpo bonito é apenas a embalagem, sujeita ao envelhecimento e ao desgaste e que é insuficiente para manter e melhorar o relacionamento.

Disso tudo se depreende que o homem precisa dedicar menos tempo à academia e mais tempo à biblioteca, menos tempo ao pagode e mais tempo ao clássico, menos tempo para a aparência e mais tempo para a essência, a fim de não precisarmos mais ouvir a dura – e real – crítica das mulheres de que o mundo está cheio de machos, porém não existem mais homens por quem valha a pena abrir mão da vida de solteira.

Dr. José Roberto

 

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