04/05/2011 , 15:53

PEQUENOS TIRANOS

Certa ocasião uma pessoa de grande sabedoria  ao  corrigir de maneira mais severa a um dos seus filhos, explicou o porquê de fazê-lo daquela forma, dizendo algo como: “se eu não o fizer chorar enquanto ele é pequeno é possível que  ele me faça chorar quando grande”.

Um grande problema que vemos hoje é a falta de autoridade dos pais. Vemos crianças para quem as ordens e orientações dos pais ou professores  não têm o menos valor ou significado, sendo arrogantemente ignoradas e muitas vezes  afrontadas de maneira mal-educada, numa clara evidência de quem é que detém o poder dentro da família. Quase todos nós já presenciamos as “birras” e shows que muitas crianças mal-educadas de hoje dão em lugares públicos, porque querem ou não querem algo e assistimos, com tristeza e indignação, a frouxidão dos pais quando cedem à chantagem dos pequenos tiranos.

Se os pais não se impõem, não exercerem de maneira firme, mas não violenta, a sua autoridade  deixando os filhos fazerem o que querem, os estarão habituando a pensar que o mundo e as coisas têm que girar de acordo com seus desejos e necessidades e não os ensinam a tolerar e conviver com as inevitáveis frustrações da vida. Quando num  momento futuro acontecer algum inevitável  revés, dificilmente ele terá a força interior para aceita-lo ou superá-lo e as consequências serão, em geral, desastrosas.

Em mais de 30 anos de consultório tivemos inúmeras oportunidades de ver as dificuldades que essas crianças enfrentam na vida adulta, com muito maior tendência a depressão, alcoolismo, uso de drogas, comportamentos de risco, etc , por não saberem lidar com as decepções que a vida impõe a todos. A força interior que nos capacita a superar as grandes dificuldades é treinada e fortalecida na  superação das pequenas frustrações do dia-a-dia a partir da infância.

Outro problema decorrente da “educação-sem-limites” é a antipatia que tais crianças (e seus pais) geram nas pessoas de sua relação, pois a sua falta de limites os tornam “personas non gratas” nos ambientes que freqüentam, por acharem que podem tudo, têm direito a tudo e mandam em tudo. Há um livro de um psiquiatra brasileiro (Içami Tiba) adequadamente intitulado  “Quem ama, educa”, pois a maior prova de amor que os pais dão aos filhos é educá-los para a vida e para se relacionarem bem em todos os ambientes, ensinando-os a respeitarem o espaço e o direito dos outros, ensinando-os com clareza e firmeza o errado e o certo, para que eles sejam bem-vindos onde chegam, para que sua presença traga alegria e leveza  ao ambiente e não preocupação ou irritação.

Parafraseando um atual pensamento, vemos pais que “se preocupam com o mundo que vão deixar para os filhos, ao invés de se ocupar com os filhos que vão deixar para o mundo” e se esquecem que ensinar nossos filhos a boa educação, respeito aos demais e as boas maneiras, é prepará-los para serem felizes nas suas relações profissionais e familiares e construírem um mundo melhor.

Dr. José Roberto

 

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