05/05/2011 , 12:30

LIBERDADE!!!

Talvez uma das expressões mais mal compreendidas seja a expressão “Liberdade“. O senso comum tende a conceber liberdade como a possibilidade de fazer tudo o que se quer fazer, mas será que isso é verdadeiro? Do ponto de vista filosófico o homem é constituído por um corpo material, mantido em funcionamento por uma atividade bioelétrica evidenciada em exames como o eletroencéfalograma e guiado por um princípio pensante a que alguns denominam espírito (não necessariamente no sentido religioso) e sendo que o espírito possui duas qualidades ou atributos que seriam a Razão e Arbítrio ou, se preferirem, Consciência e Vontade. Dessa forma, se o admitirmos que o homem é dotado de razão e arbítrio ele nasce livre e é automaticamente livre, pela sua condição espiritual e assim sendo, liberdade ninguém conquista, o homem apenas a perde quando ele mesmo se deixa escravizar, seja pelas drogas ilícitas, álcool, cigarro, pelo sexo, pela religião, doces, política, status, dinheiro, comida, etc.

O exercício equivocado da razão, a falta de consciência e de uma compreensão clara acerca de nossas origens, da finalidade do nosso existir, do porquê de estarmos aqui e de para onde vamos leva muitas pessoas (a maioria?) a usarem de modo indevido e até mesmo destrutivo o seu arbítrio e acreditando estarem exercendo liberdade acabam se escravizando a hábitos ou condutas nocivas a si, à família ou à sociedade. Exemplos gritantes desse tipo de escravidão religiosa estamos vendo na atualidade, na existência de homens-bomba que pervertem a lógica da essência religiosa da tolerância e do perdão para justificarem atos suicidas e homicidas. A escravidão às convicções políticas que na ditadura militar justificava assaltos a bancos e seqüestros, é a mesma lógica que justifica o assalto às empresas públicas ou o achaque a empresários como forma de se conseguir recursos para a manutenção do poder. A escravidão ao dinheiro e ao luxo explica vermos pessoas de alto escalão do nosso poder judiciário sendo presos ou acusados por vendas de sentenças ou corrupção enquanto o apego escravizante ao poder é o que induz nossos políticos a criarem leis que facilitam a própria impunidade e a troca de “favores” entre os 3 poderes, criando uma complacência cúmplice que perpetua esse estado de coisas. O Legislativo cria ou mantém leis genéricas e de interpretação dúbia, que podem ser interpretadas de acordo com a conveniência do momento, os altos escalões do Judiciário usam as brechas legais para que o cumprimento integral de prisão seja um “privilégio” apenas dos pobres que não podem pagar um batalhão de caros advogados que se locupletam com as firulas e recursos protelatórios que embora legais, são absolutamente imorais e o Executivo se aproveita desse imbróglio para os acordos e conchavos que lhe permitam manter esse estado de coisas, ainda que em prejuízo da população.

Há uma ordem filosófica que se diz uma sociedade de “homens livres e de bons costumes” (livres, porque escravos não podiam pertencer a ela)  mas se atualizarmos o conceito de liberdade veremos uma redundância, pois um homem livre só pode ter bons costumes e um homem de maus costumes não é livre.

Melhorar o nosso senso crítico, clarear a nossa razão (ou consciência) é chave para a descoberta daquilo que nós permitimos que nos escravize. A auto-avaliação, a percepção de nossas dependências neuróticas é a condição fundamental para a mudança. Ao perceber aquilo a que nos escravizamos podemos usar o nosso arbítrio (ou vontade) para mudar a nossa conduta e reconquistarmos a Liberdade que nós mesmos permitimos que nos fosse tomada. Quando deixamos de nos escravizar pela religião abrimos mão do dogma, que é escravizante, para nos orientarmos pela Doutrina (conhecimento superior) que é libertadora. Quando abandonamos a escravidão à comida podemos ter um peso adequado e melhorar a nossa saúde, pois passamos a nos alimentar com mais consciência e de maneira mais correta. Ao se libertar do cigarro ou de qualquer dependência a pessoa melhora seu vigor físico e intelectual e a cada corrente de escravidão que é rompida, maior é o grau de liberdade de que se dispõe.

A contraparte dessa libertação é a de que, quanto maior a liberdade, maior é a responsabilidade, pois a pessoa verdadeiramente consciente das implicações de seus atos e que comete um ilícito sofrerá mais do que aquele que ainda não tem essa percepção, mas é a esses, pessoas livres e conscientes, a quem caberá a construção de um mundo melhor, mais justo e de oportunidades mais iguais para todos.

Dr. José Roberto C. Souza

 

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