04/05/2011 , 15:03
APAGAR OU EVITAR INCÊNDIOS
Há uns dias lemos uma nota divulgando uma campanha de “combate” ao diabetes e hipertensão, com dosagem de glicose no sangue e aferindo a pressão arterial da população e a imagem que me veio foi a do corpo de bombeiros se ocupando apenas de apagar incêndios sem se encarregar de preveni-los. O corpo de bombeiros exige e fiscaliza a implantação de normas de prevenção aos incêndios pois apagá-los depois que surgem é menos efetivo, além de mais caro e perigoso que evitá-los.
Comparando com a atuação médica, percebemos que a maioria das condutas médicas da atualidade é de “apagar incêndios”, uma vez que, em grande parte, o diabetes e hipertensão são evitáveis com simples mudanças de hábitos de alimentação e a prática de exercícios, mas infelizmente a pressão dos laboratórios farmacêuticos de olho no lucro, direciona muito da conduta médica apenas no sentido da medicalização, sem frisar a importância da mudança no estilo de vida. Prescrever um medicamento leva alguns segundos, porém orientar e mostrar a eficácia e importância da mudança de hábitos demanda uma formação e um tempo que a maioria dos médicos não tem, uma vez que isso é informado apenas de maneira superficial nas faculdades de medicina. Essa falta de preparo dos médicos fica evidente em sua própria condição, uma vez que uma das classes laborais mais doentes é a médica, bastando observá-los para ver a obesidade, hipertensão e diabetes grassando entre eles.
Doenças parcialmente evitáveis são as maiores responsáveis pelo alto custo dos planos de saúde – aliás, seria mais adequado denominá-los “planos de doença”, uma vez que se encarregam apenas de manter o paciente “controlado” até que morra e quase nada investem na reversão ou prevenção das mesmas. Uma honrosa exceção é a Unimed, que mantém alguns programas, ainda que tímidos, de medicina preventiva. Como a parte mais sensível do corpo humano é o bolso, talvez fosse o caso de começar a cobrar taxas diferenciadas dos usuários, dando descontos para quem conseguir se manter magro, fizer exercícios regulares, cuidar da alimentação mantendo normais os níveis de colesterol e tri glicerídeos, etc
Os níveis de risco de doenças degenerativas crescem com o diâmetro abdominal, com o peso, com o sedentarismo e com maus hábitos como o fumo e o álcool e a má qualidade da alimentação, como o abuso de carne vermelha e falta de nutrientes essenciais. A população ainda é vítima da propaganda e de estudos direcionados para aumentar o consumo de produtos absolutamente desnecessários, como “uma taça de vinho ao dia, diminui o risco de infarto”, quando na verdade o efeito protetor está nos bioflavonóides da uva e a uva ou seu suco têm um efeito equivalente, sem os riscos do consumo de álcool, bastando saber que, após a divulgação intensa dos “benefícios do vinho” passou ignorado um estudo publicado no International Journal of Câncer, mostrando que o mesmo hábito aumenta consideravelmente o risco de câncer de cólon!
Remediar ou prevenir, eis a questão!
Dr. José Roberto C. Souza
Médico Homeopata
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