Cerca de 50% dos casais do ocidente se separam. Dos 50% que continuam juntos, uma parte significativa vive uma guerra não declarada onde a convivência é apenas tolerada, por um jogo de conveniências e interesses, perdendo-se assim a grande oportunidade do aprendizado conjunto, capaz de edificar uma relação muito mais sólida e produtiva para ambos e seus filhos.

No plano profissional temos um contingente de homens e mulheres se digladiando numa concorrência insana por posições e lugares (posições e lugares “per se”) desprezando habilidades e competências que os fariam mais bem aproveitados em outras atividades ou funções, ou meramente se suportando no ambiente de trabalho, sem a percepção de que as diferenças, aparentemente inconciliáveis, na forma de perceber, agir ou sentir, se bem compreendidas poderiam – e podem – ser valiosos agentes de uma profunda melhoria no relacionamento e no desempenho profissional ou nas ligações afetivas.

Homens e mulheres são diferentes! Tal afirmação parece óbvia e pueril, mas o seu alcance escapa ao conhecimento comum e esse desconhecimento acaba sendo fonte de desavenças, incompreensões, disputas, ressentimentos e cisões, tanto nas relações profissionais, como nas afetivo-conjugais. Quando falamos em “diferentes”, frisamos que a menor das diferenças é a mais aparente, isto é, a diferença genital ou corporal, pois a maior das diferenças entre os sexos está calcada na diferença de seus cérebros.

O cérebro masculino e o feminino são diferentes em sua anatomia, em sua fisiologia e em suas manifestações de percepção e de expressão. Na verdade, a maioria das desavenças ocorridas entre pessoas de diferentes sexos acontece por diferenças de expressão de crenças, opiniões e comportamentos. A mulher espera que o homem expresse seu afeto trazendo-lhe flores no seu aniversário e se frustra porque ele a leva à uma churrascaria. Ele está feliz por dar a ela o que ele gostaria de receber e ela está frustrada e emburrada pela falta de sensibilidade dele em não perceber o que ela gostaria de ter recebido. Na “lógica” masculina, como a churrascaria custa mais caro que as rosas que logo murcham, é um presente melhor e a ser mais valorizado, daí ele fica emburrado porque ela não sabe dar valor ao seu esforço e sacrifício para presenteá-la..

A compreensão das nossas diferenças facilita o entendimento; conhecer a lógica que move o outro desenvolve maior tolerância; saber das limitações e potencialidades que são diferentes em cada sexo, promove maior concórdia, cumplicidade e confiança.

Estruturalmente nossos cérebros são diferentes: o masculino é maior em 4 milhões de células. O corpo caloso, estrutura que une os 2 lados (hemisférios) do cérebro é muito mais volumoso na mulher, facilitando a troca de “informações” entre eles e dando vantagem ao feminino no cumprimento de diversas tarefas ao mesmo tempo, enquanto o homem levará vantagem na execução de uma tarefa complexa que exija maior concentração e raciocínio lógico.

Já na infância as diferenças se destacam. A menina desenvolve primeiro o lado esquerdo do cérebro e isso vai lhe trazer algumas características que se destacam, como uma maior habilidade verbal, fala mais cedo, aprende outra língua com mais facilidade. Já o menino mostrará uma melhor noção de tamanho e proporção, montará um quebra-cabeça com mais facilidade e terá uma melhor orientação espacial.

No aspecto funcional, outras diferenças se mostrarão: na parte da visão o homem terá uma melhor noção de profundidade, mas um campo visual mais estreito e a mulher terá uma melhor visão periférica, com menor visão de profundidade. Podemos agora imaginar uma viagem em que o homem se cansou de dirigir e pede à mulher para dirigir um pouco afim de que ele possa descansar um pouco no assento ao lado. Ela encontra um veículo mais lento à sua frente, mas em sentido contrário vem um caminhão e ela freia; o homem ao lado, que tem melhor noção de profundidade, lhe diz que ela pode ultrapassar e ela, que só tem melhor visão periférica, não acredita nele, não ultrapassa e na ótica dele, atrasa a viagem. Ele a chama de “lesma” ou “barbeira”, ela retruca que ele é imprudente. O que seria uma agradável viagem de férias começa a se transformar em uma guerra, cuja primeira batalha tem 2 (ou mais) perdedores.

Se os dois conhecem as diferentes habilidades e limitações de ambos, teríamos no mínimo 2 maneiras diferentes de solução: ela poderia confiar na melhor noção de distancia do cérebro masculino e, apesar do medo, ir para a ultrapassagem bem sucedida, cujo resultado seria uma melhoria na sua autoconfiança e um incontido sorriso do orgulhoso companheiro ao lado, ou então ela se manteria atrás do outro carro até se sentir confiante, mas ele compreenderia sua limitação estrutural e manteria a paciência e a tolerância, em prol da harmonia e da paz.

Outras habilidades dão vantagem à mulher, pois pela melhor conexão entre os hemisférios, ela processa mais informações ao mesmo tempo e pode perceber coisas que escapam ao homem, caracterizando a célebre “intuição feminina” e se o homem souber disso, aprenderá a dar mais atenção aos seus avisos e evitará situações desagradáveis para ambos, escapando do tradicional “eu te avisei e você não quis escutar” que tantos de nós, homens, já ouvimos e não atentamos para a maior plasticidade do cérebro feminino.

Muitas outras diferenças existem. Conhece-las nos ajuda a conviver melhor e a dar a consciência de que nem o homem, nem a mulher são superiores um ao outro, somos apenas distintos em nossas capacidades e potencialidades e que, sabendo aproveitar as habilidades inerentes a cada um dos gêneros, podemos todos crescer. Podemos aprender uns com os outros e criar uma relação sinergia, situação em que o todo é maior do que a soma das suas partes. Portanto, viva a diferença !!!

 

Dr. José Roberto Campos de Souza

Médico Homeopata

 

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