04/05/2011 , 15:41

PESSOAS E SABORES

Sempre nos habituamos a pensar nos alimentos que gostamos ou não gostamos, tendo como referência o seu sabor; desse sabor eu não gosto, esse sabor me agrada, etc.

O que não paramos para pensar é que as pessoas, como os alimentos, têm cada um o seu sabor e, de acordo com seu sabor, irão nos enjoar ou nos agradar.

OS AZEDOS – Existem pessoas azedas, sempre dispostas a uma crítica ácida ou um comentário cáustico em relação a alguém ou alguma coisa. Sempre reclamarão da vida, o dinheiro nunca é suficiente, reclamam do salário, das condições do trabalho, da comida, das pessoas com quem convivem (até dos amigos), o carro “maravilhoso” que comprou em breve já está “velho”e quer comprar outro,  conviver com elas é conviver com um rosário sem fim de queixas e lamentações, cada oportunidade aberta na vida é uma ocasião a mais para achar motivos para se queixar e nunca para agradecer. Tendem a se vitimizar, a se acharem incompreendidos e mal-amados, mas não percebem que é o seu próprio azedume que afasta as pessoas. Por outro lado, temos o “azedinho”, o aspecto positivo dessa característica. São pessoas que, pelo senso de observação apurado, temperado por um traço irônico ou crítico, podem alertar aos outros envolvidos em uma situação, sobre riscos ocultos ou dar um olhar de precaução acerca dela.

OS AMARGOS – São as pessoas ditas “amarguradas”. No geral se manifestam como pessimistas e negativistas, mostram no olhar, na expressão, na postura corporal a atitude de “isso vai dar errado”; parece que carregam uma nuvem negra sobre a cabeça e sempre acham uma justificativa para esse modo de sentir. O sabor amargo que dão às suas experiências, os impede de sentir a doçura das relações de amizade sincera e das vivências prazerosas. A mágoa e o ressentimento são companheiros “fiéis” do amargurado e terão dificuldade em tirar lições positivas dos eventos negativos e cada um deles irá reforçar o negativismo, será mais uma “prova” de que o mundo é um lugar difícil de se viver e que não há motivos para sorrir. Para o temperamento amargo não há um lado positivo, mas é possível tirar lições positivas de uma situação que cause amargura, ao nos fortalecermos na sua superação e no aprendizado que isso nos trás.

OS PICANTES – Indivíduos picantes, no seu pólo positivo, são pessoas espirituosas e brincalhonas, capazes de criar uma abordagem engraçada dos fatos corriqueiros da vida e alegrar o ambiente. No lado negativo, o excesso do picante torna a pessoa inconveniente; torna-se aquele que acaba por chocar as pessoas, com comentários ou piadas inadequadas ao lugar ou à hora, que diz coisas maliciosas ou de duplo sentido sem se preocupar com o efeito que causarão ou até mesmo de forma deliberada, para chocar e criar constrangimento, muitas vezes chegando a ofender.

OS SALGADOS – Os sujeitos salgados são aqueles que preservam os seus sentimentos. No positivo traz a fidelidade, a constância, a perseverança, mas no pólo negativo têm dificuldade em superar os rancores e mágoas. Diferente do amargurado, o salgado revive cada decepção com um matiz de raiva, de desejo de retaliar, se vingar e desejar que o outro sinta o mesmo que ele sentiu. Da mesma forma como o sal impede a cicatrização das feridas, o temperamento salgado está sempre reabrindo as suas feridas afetivas e emocionais, tende a remoer o passado e se apegar às suas perdas. Uma parte significativa das separações litigiosas ocorre quando um dos cônjuges é “salgado” e não aceita que o outro sofra um milímetro a menos que ele e a disputa jurídica é uma forma de vingança, de fazer o outro sofrer e a cada concessão, surgem novas exigências.

OS DOCES – Falando primeiro do negativo, as pessoas excessivamente doces são as que se tornam enjoativas, “xaropes”. Como expressão de sua carência, se tornam pegajosas e entronas, querem exclusividade de atenção e emburram com facilidade se o seu objeto de afeto tem que ser dividido com alguém. Comportam-se de modo suave e submisso, como forma de receber o afeto que necessitam, choram com facilidade, até mesmo sem muito motivo, apenas para “testar o clima afetivo”, ver se são queridas.

O lado positivo do indivíduo doce é sua capacidade de criar um ambiente harmônico e pacífico, pela sua forma de falar e agir.  A sua fala, na tonalidade e conteúdo, serve para acalmar os corações aflitos, a sua presença tem o poder de suavizar os instintos belicosos, seus atos refletem a presença do divino no humano, de tal forma que a mais animalesca das pessoas contem os seus impulsos bestiais quando a doçura se faz presente. A vida moderna, que impôs um ritmo frenético na luta pela sobrevivência está sufocando a doçura que deveria ser inerente a todos nós, filhos do mesmo Pai e possuidores dessa essência divina do bem.

Que neste novo ano, cada um de nós aprenda a usar os temperos e sabores da vida como uma forma de construirmos lares e um mundo de mais equilíbrio, paz, tolerância, respeito, qualidades contidas no sentimento maior, que é o amor.

Dr. José Roberto C. Souza

Médico Homeopata

 

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