CHEFE E LÍDER, A VOZ DAS URNAS

Há alguns dias presenciamos um evento assaz pedagógico, em que houve uma votação para escolha do dirigente maior de certo órgão governamental. Pela primeira vez em sua história o dirigente atual foi excluído da lista, numa evidência de rejeição jamais vista naquela instituição e nos deixando lições de inestimável valor, neste ano em que teremos eleições em nosso país.

Fazemos nossas escolhas baseadas em conveniências momentâneas e interesse pessoal ou por uma consciência mais ampla das implicações dessas escolhas a longo prazo e todas as vezes que a escolha é consciente entram em jogo os valores intrínsecos e mais importantes dos candidatos, pois a busca passa a ser por um líder e não por um chefe, embora muito se confunda uma expressão com a outra.

Liderar significa conduzir por um caminho, colocando-se à frente enquanto o chefiar é ficar na retaguarda determinando aos subalternos onde devem ir. O líder trata com respeito, educação e consideração, construindo relações sadias e criando uma visão com comprometimento institucional entre seus liderados. Visão e comprometimento coletivos fortalecem e resguardam a instituição, por criar a percepção da importância e valor dos lugares de comando, que são perenes, enquanto seus ocupantes são sempre transitórios.

O chefe impõe seu poder sobre os subalternos e valoriza seus próprios feitos, mas o líder sublinha o valor e a importância de todos e de cada um, com a consciência de que  nenhuma corrente é mais forte que seu elo mais fraco. Um chefe impõe sua vontade, mas o líder se pergunta quais devem ser as metas e objetivos comuns, busca formas de criar um grupo coeso, inspirando e motivando todos a trabalharem pelo bem comum e busca dentro de si a resposta para a pergunta mais importante para a construção da verdadeira liderança: o que as pessoas de minha instituição precisam para fazerem o melhor que podem e darem o melhor de si? Isso é da mais alta importância, pois a maior função do líder é pavimentar o caminho por onde seus liderados irão caminhar e para isso é necessário conhecê-los e saber de suas necessidades, coisa que só se consegue com a proximidade derivada do respeito mútuo.

O líder precisa de qualidades como a retidão, honestidade e integridade de caráter, pois não se segue a quem não se respeita. Bons líderes são comunicativos e amáveis, qualidades necessárias ao diálogo e compreensão. O chefe tem poder, cargo hierárquico e autoridade formal que pode ser imposta aos outros, enquanto o líder não precisa de cargo para ser seguido. O chefe tem subalternos à sua frente e o líder tem pessoas a seu redor. Enquanto o líder serve ao cargo de poder para promover o crescimento institucional, o chefe se serve do cargo e do poder para o crescimento pessoal.

Na escolha de nossos candidatos nas eleições deste ano, cabe nos perguntarmos se queremos eleger um chefe ou um líder, pois nossa escolha terá reflexos na sociedade e em nossa vida, pelos próximos anos.

Dr. José Roberto