Depressão, síndrome do pânico, “labirintites”, “pressão baixa”, palpitações, dores de cabeça, apatia, fraqueza, tonturas ao se levantar rápido, até desmaios,  dificuldade de concentração, memória fraca, humor variável, dormências e formigamentos, “disritmias”,crises de ansiedade e apreensão e mais uma miríade de sintomas que confundem os médicos e deixam atordoados os pacientes podem, muito freqüentemente estarem associados a um quadro conhecido como hipoglicemia reativa, que está se tornando cada vez mais comum na população, mas que lamentavelmente permanece pouco conhecida e pouco diagnosticada.

Muitas vezes esses sintomas acompanham a pessoa durante muitos anos e todos os exames feitos são interpretados como normais, o que só aumenta o sofrimento pois a pessoa se sente mal e todos lhe dizem que ela “não tem nada” e que deve investigar causas psicológicas ou emocionais, mas mesmo tais abordagens dão pouco efeito e um resultado freqüente é que a pessoa passa a imaginar que tem uma doença grave e que os médicos ainda não a descobriram levando a uma via sacra de consultório para consultório.

Todas essas manifestações, em um grande número de casos estão associadas a um quadro denominado hipoglicemia reativa (HR), que nada mais é do que a queda da glicose (“açúcar”) do sangue abaixo do nível basal para aquela pessoa. Aqui já ressaltamos uma causa para a falta de diagnóstico da HR, pois a tendência geral é a de se interpretar como hipoglicemia, apenas as quedas abaixo da média laboratorial, o que é um equívoco, uma vez que se a glicose de jejum daquela pessoa é de P.Ex., 95 Mg e em qualquer momento essa glicose cair para 70 Mg, embora ainda esteja dentro da média laboratorial, para ela já é uma fase de hipoglicemia (Hipo=baixa, Glico=glicose, Hemia=sangue), o que pode desencadear diversos daqueles sintomas.

Para entender como isso acontece é necessário aprender um pouco a respeito do funcionamento do nosso organismo. Quando consumimos algum alimento capaz de aumentar o “açúcar” do sangue (carboidratos como doces, refrigerantes, chocolate, sorvetes, pão, batata, álcool, etc) e que esse aumento ultrapassa um certo limite, isso faz com que o pâncreas libere a Insulina, um hormônio que age como se fosse um carrinho de pedreiro, que retira a glicose do sangue a transporta para dentro das células a fim de produzir energia. Acontece que uma parte significativa das pessoas tem a tendência a reagir de modo exagerado ao consumo de carboidratos, produzindo um excesso de insulina, retirando muita glicose do sangue e levando à hipoglicemia, daí o nome hipoglicemia reativa, pois resulta de uma reação do corpo ao consumo de certos alimentos, sendo que a cada vez que se consomem carboidratos, o “açúcar” do sangue se eleva, libera-se muita insulina, retira-se muito “açúcar” do sangue e temos o quadro da hipoglicemia. Importante observar que, quanto mais “açúcar” se come, mais insulina é produzida, mais se abaixa o “açúcar” do sangue e mais severa é a manifestação da HR e, num paradoxo apenas aparente, para se normalizar o “açúcar” do sangue é fundamental diminuir drasticamente o consumo do “açúcar”.

Algumas outras conseqüências graves advém do abuso no consumo dos carboidratos, como acontece hoje, na ingestão de farinha branca, doces, etc, que representam uma sobrecarga brutal, obrigando o pâncreas a trabalhar em excesso para dar conta de produzir a insulina requerida, a ponto de ele não resistir e entrar em falência, dando origem a um diabetes e hoje já temos até crianças apresentando diabetes do tipo II, característico dos adultos. Um outro efeito perigoso, é que ao termos um excesso de insulina circulando, o corpo diminuiu a sensibilidade à ela, criando a “resistência à insulina”, em que a célula ”se fecha” e não permite que a insulina leve a glicose para seu interior, essa glicose passa a ser acumulada como gordura, principalmente na região abdominal  e normalmente essa é aquela pessoa que “come uma folha alface e engorda um quilo”. Acontece que essa resistência à insulina parece estar na base de inúmeras doenças graves, como a hipertensão, câncer, Alzheimer, derrames, infartos e quanto mais gordura se acumula na região da cintura mais se produz um hormônio chamado Resistina, que aumenta a resistência à insulina e se cria um círculo vicioso que só pode ser quebrado com a reorientação nutricional e o suporte do exercício físico.

Um ditado Chinês diz que a mãe de todas as doenças é a má nutrição e se formos prestar atenção ao universo de sintomas e doenças relacionados apenas ao abuso do “açúcar” (podemos até excluir a obesidade), seremos levados a concordar que, se eles não estão com mais absoluta razão, estão bem próximos disso.

Dr. José Roberto C. Souza

 

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