04/05/2011 , 14:57

SENTIU?

O mundo existe de uma forma diferente para cada um de nós, o mundo do cego é diverso do meu mundo, o mundo no qual o surdo vive, não é o mesmo meu, o mundo no qual vive uma pessoa com anosmia (não tem olfato) é igualmente diferente e  assim por diante. Ou seja, nós o percebemos porque ele impressiona os nossos sentidos.

Os sentidos fisiológicos do homem têm alguns pontos em comum, na forma como eles transitam em nosso cérebro. Um certo estímulo chega até nós e o nosso cérebro o identifica, em uma região chamada córtex. O córtex diz, “este é um estímulo visual” ( e não auditivo,p.ex) uma outra parte do cérebro o associa com imagens já conhecidas e diz “ estou vendo uma pessoa (não um boi), depois completa a informação com mais um dado “é uma pessoa e é homem” e em seguida esses dados são levados à uma parte do cérebro chamada de sistema límbico que é a sede das emoções e que dá o colorido emocional ao estímulo identificado pelo córtex, dizendo: “é um homem de quem eu não gosto” ou “é o fulano, meu amigo querido”. Um outro estímulo é identificado como “auditivo”, depois como “música” e por fim o sistema límbico diz se é uma música que eu detesto ou que eu gosto. Dessa forma, quase todos os estímulos que nos chegam, seguem a mesma seqüência: córtex sensorial – córtex de associação – sistema límbico, que dá a última palavra, o peso afetivo ao estímulo.

Existe, porém, um dos nossos sentidos que segue um caminho diferente e este é o olfato. Quando percebemos um odor qualquer, ele segue pelo nervo olfativo e este vai direto ao sistema límbico, desencadeando primeiro a sensação de desagrado ou de prazer e só depois é que o estímulo vai para o córtex, onde será identificado. Muitas vezes estamos andando na rua, percebemos um cheiro qualquer e dizemos “que cheiro gostoso” e apenas depois é que o associamos ao bolo de fubá que nossa avó fazia há muitos anos ou ao perfume da antiga namorada, que nos deixou lembranças afetivas agradáveis. Primeiro identificamos que é agradável e só depois é que ficamos sabendo o porquê.

Os nossos sentidos são as portas de nossa relação com o universo e uma grande parcela das pessoas vive com os seus sentidos embotados. Pervertem o paladar ao abusarem dos doces e embotar a percepção dos outros sabores. Embotam a audição ao ouvir música de baixa qualidade em volume incompatível com a saúde do nervo auditivo e assim por diante.

Há um outro significado a ser considerado. Os sentidos estão a nosso serviço, como instrumentos para nossa evolução, mas a maioria das pessoas despreza esse potencial. Se uma pessoa possui ouvidos perfeitos, nervo auditivo funcionante e cérebro íntegro, ele tem a capacidade de ouvir. Ouvir, então, é uma função fisiológica de que a maioria absoluta das pessoas é capaz, porém a capacidade de escutar vai além da fisiologia. A maioria das pessoas ouve mas pouca gente escuta. Do mesmo modo, se os órgãos ligados à função visual estiverem íntegros, as pessoas terão a capacidade de ver, mas bem poucos têm a verdadeira capacidade de enxergar. A maioria das pessoas têm o sentido do tato, mas poucas pessoas têm a sensibilidade no tato e na forma de tocar as outras pessoas.

Dr. José Roberto C. Souza

Médico Homeopata

 

 

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