04/05/2011 , 15:08

PROPAGANDA ENGANOSA

Nos últimos tempos, com grande freqüência, temos visto anúncios das empresas de rádio, TV e agências de propaganda se posicionando contra as regras de proibição ou limitação de anúncios de produtos nocivos à saúde, tais como bebidas alcoólicas, cigarros e alguns “alimentos”, com o argumento falacioso do “direito à informação”. Oculto nesse discurso encontramos o interesse do lucro individual ainda que em detrimento do bem estar da sociedade; o lucro privatizado e o prejuízo socializado é a conseqüência dessa postura que ignora que o interesse de poucos não pode ser superior ao interesse de muitos.

A maioria absoluta dos anúncios e propaganda, aqueles que mais dão lucro às empresas da área da comunicação, são de produtos desnecessários ou prejudiciais à saúde. Tem-se observado uma explosão de obesidade e doenças degenerativas (como o diabetes) em crianças enquanto nos adultos elas surgem cada vez mais cedo e mais graves. O alcoolismo e tabagismo aumentam entre os jovens, principal foco das agências de propaganda, através de estratégias de comunicação cada vez mais sofisticadas a atraentes para esse público-alvo (“alvo”, aqui é expressão mais que adequada), pois um dependente cooptado nesta faixa etária dará lucro por mais tempo.        O grande problema é que o lucro fica com os produtores de tais drogas lícitas e seus divulgadores, enquanto os graves prejuízos para a saúde são pagos por toda a sociedade que irá arcar com os custos advindos das doenças e acidentes ligados a seu consumo.

Pesquisas mostram que poucos cigarros já podem gerar dependência, sendo que 10% dos que fumam o primeiro cigarro já fazem síndrome de abstinência e como os malefícios do tabagismo ou alcoolismo são conhecidos por todos torna-se inaceitável qualquer argumento para justificar a propaganda de tais produtos.

Na mesma linha de argumentação, é essencial abrir os olhos para a propaganda de produtos “alimentícios”, como doces, bolachas, refrigerantes, etc, todos desnecessários e prejudiciais à saúde e que induzem as crianças a seu consumo, lembrando que não existe “limite seguro” para o que é nocivo. Nosso organismo pode até tolerá-los por certo tempo sem manifestar sintomas, mas eles surgirão mais cedo ou mais tarde e, muitas vezes, de forma irreversível.

A grita das empresas de propaganda contra a limitação dos anúncios de produtos nocivos á saúde é a confissão de que o interesse é o lucro pessoal, ainda que em detrimento do bem estar de todos e os argumentos de que a escolha tem que ser “livre e individual”, mascara o fato de que os anúncios mostram apenas o lado agradável e omite os riscos e prejuízos. Você não verá ao lado do anúncio do cigarro ou cerveja, com belas mulheres na praia, o bêbado caído na sarjeta ou o canceroso e provavelmente, quanto mais bonita a propaganda pior o produto será para sua saúde e sua vida. Se o preço da liberdade é a eterna vigilância, a consciência é a melhor defesa, para não sermos vítimas da informação deturpada.

 

Dr. José Roberto C. Souza

 

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