04/05/2011 , 15:10

O CASO DO MACHO

Uma preocupante situação que se agrava progressivamente tem passado despercebida pela sociedade e pela grande maioria dos médicos: a diminuição da fertilidade masculina, evidenciada por uma progressiva queda no número de espermatozóides na juventude atual, a ponto de suas amostras apresentarem uma contagem próxima da metade daquela encontrada nos homens há poucas décadas. Esse aterrorizante fenômeno se deve a uma lenta, mas progressiva, contaminação ambiental pelo estrogênio, um dos hormônios femininos.

As primeiras evidências desse processo foram encontradas em moluscos, peixes e répteis que viviam em lagos ou rios próximos de fábricas de agrotóxicos e apresentavam feminilização dos machos e estabeleceu uma possível ligação entre isso e a diminuição dos espermatozóides nos humanos. Hoje essas suspeitas se avolumam, pois se descobriu “que elementos químicos encontrados em embalagens de alimentos, produtos de limpeza, plásticos, esgoto e tintas causam deformações genitais, reduzem a contagem de espermatozóides e “efeminam” os homens”. Outro agravante é o generalizado uso de anticoncepcionais pelas mulheres em idade fértil e que são eliminados pela urina (coisa que o leigo não sabe) não sendo decompostos pelos sistemas de tratamento para reuso da água, persistindo em circulação e podendo contaminar o homem.

Plásticos, garrafas PET (principalmente quando aquecidos) e alguns agrotóxicos têm sido apontados como liberadores de substâncias “imitadoras” de estrogênio e apontados como causadores desses efeitos. A partir do momento em que tais substâncias são absorvidas pelo corpo, passam a agir como aquele hormônio é possível que tenhamos aqui uma causa para o aumento das doenças estrógeno-dependentes, como endometriose, nódulos e câncer de mamas, TPM, etc.

Para nós, habitantes de uma região agrícola onde predomina o cultivo da soja a situação é ainda mais preocupante, uma vez que um produto amplamente utilizado é o herbicida glifosato-Roundup®, produto que tem se mostrado capaz de provocar infertilidade e mesmo deformações genitais em animais expostos e ele. Em um trabalho realizado pela UFRGS, lê-se “Os machos … mostraram sinais de toxicidade sistêmica, com aumento na massa relativa de fígado e rins, acompanhado de alterações histopatológicas, e de toxicidade reprodutiva, caracterizada por alterações histopatológicas nos testículos, redução na concentração de espermatozóides, na produção diária de espermatozóides, na concentração de testosterona e aumento no percentual de espermatozóides anormais.”.

Podemos imaginar possíveis consequências para um feto masculino cuja mãe mora em uma região onde se usa o glifosato: o futuro menino sujeito a uma sobrecarga externa de “hormônio feminino” corre o risco de se desenvolver com órgãos genitais pouco desenvolvidos, total ou parcial infertilidade, padrão afeminado ou outras consequências imprevisíveis.

Uma geração de filhos pagando preço da inconsciência e desinformação de seus pais.

Dr. José Roberto

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